Este texto exige uma nota prévia - Ribau Esteves almoçou com o Expresso no Pabe horas antes de Luís Filipe Menezes anunciar a demissão e, se não estava a leste do terramoto que aí vinha, o secretário-geral do PSD é um magnífico actor.
Encontrámo-nos à uma da tarde e pusemos a ‘Visão’ em cima da mesa. A entrevista de José Pedro Aguiar Branco a reafirmar-se disponível para liderar o partido era tema do dia — apesar do anormal «derby» da véspera. todos os noticiários lhe reservaram espaço — e Ribau Esteves sabia ao que ia: “Sim, passei os olhos pela entrevista. “Não tem qualquer relevância”.
Importa-se de repetir? “Além de não dar qualquer contributo para fortalecer o PSD e mudar o rumo do pais, é uma entrevista sem novidade. Aguiar Branco já esteve para ser candidato à sete meses, depois não foi. Ele sabe que as bases não o querem”.
Encontrámo-nos à uma da tarde e pusemos a ‘Visão’ em cima da mesa. A entrevista de José Pedro Aguiar Branco a reafirmar-se disponível para liderar o partido era tema do dia — apesar do anormal «derby» da véspera. todos os noticiários lhe reservaram espaço — e Ribau Esteves sabia ao que ia: “Sim, passei os olhos pela entrevista. “Não tem qualquer relevância”.
Importa-se de repetir? “Além de não dar qualquer contributo para fortalecer o PSD e mudar o rumo do pais, é uma entrevista sem novidade. Aguiar Branco já esteve para ser candidato à sete meses, depois não foi. Ele sabe que as bases não o querem”.
Na altura, não suspeitávamos como esta última frase do secretário-geral — quem quererão as bases? — viria a ganhar tanta oportunidade em tão pouco tempo. Que a crise alastrara no partido sabia-se, que a oposição a Menezes tinha um plano para o derrubar até ao fim do ano, também. Mas a pacatez do almoço em nenhum momento deixou antever que o fim do ano, afinal, chegaria ao fim da tarde.
Descontraído, supercomunicativo. um pouco, até, picareta falante’, Ribau Esteves só por uma vez denunciou o cansaço de alma do amigo Menezes com a intriga no PSD — “não vejo ninguém mais preocupado do que o presidente do partido” — mas manteve-se fiel à tese de que o líder só sairia ‘à bomba’. “Vivemos um ciclo em que não há directas pela frente e em circunstância alguma admito directas antecipadas”, eis a tese de Ribau para acompanhar a empada de perdiz, que quase se esqueceu de comer de tanto falar. “Só haveria uma hipótese para antecipar a disputa interna: o presidente do partido demitir-se. Mas não admito que o faça”.
E se houver um plano em marcha para o derrubar? E se as sondagens não pararem de dar o PSD em queda? É verdade que Menezes é psicologicamente frágil e pode desistir? Ribau Esteres não se deixa desviar facilmente: “Se o ruído, continuar, vamos em frente. Temos uma legitimidade que nenhum outro líder teve e os que não trabalharem connosco vão ter um problema. Vão desaparecer do mapa”.
É a ameaça de varridela nas listas de deputados e o secretário-geral defende que “o partido não pode ter os eternos. Hoje está o A, amanhã estará o B”.
Eram três da tarde e Menezes ainda estava na liderança do partido. “Sobremesa? É claro que quero. Comi pouquíssimo”. Pudera! Falou muito. Mas está, apesar de tudo, mais contido.
Hoje, e ao contrário de quando chegou de Ílhavo a Lisboa, para ajudar o líder a organizar o PSD, Ribau Esteves já não diz se admite candidatar-se ele próprio ao lugar cimeiro do partido. “Nunca mais responderei a isso. Aprendi que falamos verdade em cada momento”. Admite, é evidente.
“As bases não querem
Aguiar Branco”
Aguiar Branco quer ser candidato? As três da tarde de quinta-feira, Ribau Esteves aconselhava-o a esperar sentado. “É inteligente ele dizer na entrevista que, com Menezes, não será deputado.
“As bases não querem
Aguiar Branco”
Aguiar Branco quer ser candidato? As três da tarde de quinta-feira, Ribau Esteves aconselhava-o a esperar sentado. “É inteligente ele dizer na entrevista que, com Menezes, não será deputado.
Deve saber que como deputado faz pouco, porque tem muitas avenças. As bases não o querem. Querem paz e até nos dizem: não lhes respondam”.
O telemóvel de Ribau esteve sempre sobre a mesa e foram caindo mensagens lidas na hora sem sobressalto. Aparentemente, nenhuma delas prenunciava o que aí vinha. Ribau Esteves sabia que Menezes daria uma entrevista à SIC depois do jantar (que não deu).
Ele rumaria mais uma vez ao Norte (continua presidente da Câmara de Ílhavo) porque sabe que o essencial se joga aí, no terreno. Por essas e por outras, mal vê o filho de 13 anos que levou ao Congresso do PSD/Madeira para estarem juntos. “Ele é inteligente e segue os conselhos do pai”.
E se um dia quiser aderir ao BE? “Íamos ter uma discussão e eu acho que ganho”.
Noutra mesa do Pabe, Pinto Balsemão, militante nº1 do PSD, almoçava com Miguel Veiga, histórico militante do Porto e nenhum deles apoiante do actual líder do partido. Seguramente também falaram de quem poderá ganhar a quem.
Ribau acredita que Sócrates é derrubável nas legislativas e António Costa nas autárquicas. E embora negue coligações à partida com o CDS/PP, não as afasta pós-eleitorais com “o parceiro natural”. Isto apesar do “dr. Portas ser dos que chegam à praia e piscam o olho para todo o lado”.
Piscar o olho aos militantes de base e engrossar o universo que poderá ser chamado a escolher futuros lideres é uma prioridade para Ribau, que anuncia campanhas de angariação de novos militantes e de recuperação dos que saíram. Deve ser a isto que Pacheco Pereira se refere quando denuncia adesões em massa no Norte para Meneses engrossar as tropas para o combate.
Às quatro e meia da tarde, depois de muito se queixar do desequilíbrio de tratamento que a comunicação social dá ao PSD (“que espaço é que vão reservar para a volta do líder do partido pelo país? Mais do que para a intriga interna?”), Ribau Esteves saiu como entrou, “De bem com a vida. Graças a Deus. E graças a mim”.
Faltavam cinco horas para Menezes deitar fora as nossas três horas e meia de amena cavaqueira e Ribau nunca mais teve o telefone disponível. Para quem acha que “a política para ser forte é bom que se estribe no óbvio”, convenhamos que esta quinta-feira passou das marcas.
Angela Silva
A tarde em que Ribau não acertou uma
In Público (19.Abril.2008)
2 comments:
Estou perplexo....
Já tinha ouvido muitas coisas sobre o Ribau.
Não sou daqueles que critica só por criticar, mas está na cara que só as pessoas de Ílhavo é que não vêm o político que Ribau esteves é...
JS, força. Gosto das vossas propostas e sugestões.
Como é óbvio..fartei-me de rir a ler a entrevista no expresso da semana passada...parecia um texto das produções ficticias!
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